quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Meia dúzia de perguntas para Letícia Vitral


     Esta série de micro-entrevistas sobre fotografia foi inspirada pela “5 questions” do Flickr Blog. Para começar, entrevistamos Letícia Vitral, também conhecida no flickr como LeVitral.

    Letícia é estudante  e no momento se encontra em Siegen, na Alemanha, próxima a Colônia, por meio de programa de intercâmbio da UFJF com a Siegen Universität. Está fotografando bastante por lá e conta muita coisa -  mas isso é assunto para outra matéria!
     Aqui em Juiz de Fora já vinha desenvolvendo um trabalho interessante, e esteve presente na FOTO11, no ano passado. O JF em Foco teve a oportunidade de falar sobre seu trabalho, que integrou a exposição "Inovar é Preciso". Algumas de suas fotos também aparecem em nossa exposição vitual FOTO 11 no JF em Foco.


     1. Letícia, você pode nos dar uma dica de fotografia?

     Minha dica vai principalmente para quem gosta de fotografia analógica em PB, mas sofre com o fato de, em JF, não existir um só lugar capaz de ampliar negativos PB com a química adequada. Após revelar o filme em casa, tudo que você precisa para digitalizar e ampliar a imagem é: uma câmera digital, Photoshop ou programa similar, e uma caixa de luz fluorescente (tipo as usadas para ver raio-x. Como uma assim pode sair caro, basta procurar tutoriais na internet para aprender a fazer você mesmo, é bem fácil). Basta colar os negativos na caixa de luz e fotografar, com um ISO bem baixo (para menor granulação) os negativos. Depois é só passar para o computador e inverter as cores no Photoshop. Nem sempre a inversão fica 100%, mas ai é só mexer nos canais de cor para ajustar da maneira necessária. É simples, mas quebra um galho! As fotos abaixo foram “ampliadas” por esse processo.

                        fotos Letícia Vitral






     A técnica também vale para filmes coloridos.





     2. Fale-nos de suas fotos favoritas no flickr e por que gosta delas.

     Primeiro, uma favorita de sua Galeria?


     Acho difícil escolher uma foto favorita, seja minha ou de outra pessoa, já que meu gosto muda bastante com o tempo. Mas, atualmente, tenho gostado bastante de uma foto que tirei do Colégio dos Santos Anjos há quase um ano (se não me engano foi a primeira foto que postei no grupo “JF em Foco”). A razão pela qual essa foto tem se tornado um “xodozinho” meu, é porque se pode ver, pela gotinha d’água em primeiro plano, o castelinho de cabeça para baixo.










     E uma de outro fotógrafo no flickr?

     Como eu já disse, acho bem difícil escolher uma única foto em um universo tão grande de possibilidades. Portanto vou burlar um pouquinho a pergunta e escolher uma galeria favorita. Gosto muito do trabalho da fotógrafa francesa Aëla Labbé ( www.flickr.com/photos/aela/ ). Tem um quê de conto de fadas, mas ao mesmo tempo é um pouco assustador. Acho que ela consegue o equilíbrio perfeito entre o idílico e o estranho (afinal, todo sonho é um pouco estranho, não?).


      fotos Aëlla Labbé








     3. Que dica você daria para fotografar em Juiz de Fora? 

     Corra. Corra o mais rápido que você puder para conseguir fotografar os prédios lindos que existem na cidade antes que eles sejam demolidos ou destruídos pelo descaso. Temos uma paisagem urbana muito bonita para ser fotografada e eternizada, mas é uma pena ver o que está acontecendo com ela. Morro de dó por não ter tido tempo de fotografar, por exemplo, o casarão Art Deco Marajoara na esquina da Delfim com a Rio Branco...


     4. Que fotógrafo de Juiz de Fora você indica para fazermos a seguir as seis perguntas? 

     Minha amiga de velhos tempos, Bárbara Moreira, também presente no grupo JF em Foco.


detalhes - details



     5. Que pergunta sobre fotografia você gostaria de lhe fazer?


     Não conheço muito sobre fotografia jornalística, mas sei que este é o seu “ramo”. Creio que fotografia jornalística é, necessariamente, documental, mas o que se busca hoje em dia em jornais, ainda é essa linha de trabalho, ou é possível ver, hoje em dia, fotografias de caráter jornalístico porém com uma “pegada” artística? Como é essa diferenciação no mercado hoje em dia? O seu trabalho se enquadra nessa idéia clássica de fotografia jornalística, ou na idéia de fotografia documental com viés artístico?


     6. Marcos Kopschitz gostaria de te perguntar:“Letícia, observei características interessantes de suas fotos, como o tratamento. Tanto as cores aparentemente desbotadas quanto os cantos arredondados (em certa época, era o acabamento padrão dos laboratórios) remetiam ao passado. O que vim a entender mais tarde, ao conhecer sua abordagem ‘giallo’. Conte como chegou a ela. E esta fase, ou linha de trabalho atual, está em pleno desenvolvimento, ou se aproximando do final?”


Let the sunshine in

Praça da Estação

     Na verdade essa estética que busco é mais um “modus operandi” do que o resultado de uma pesquisa 100% consciente. Sempre achei Juiz de Fora uma cidade com um grande passado, que prometia muito, mas que acabou se tornando uma cidade simplória, uma cidade “nada de mais”. Portanto a decadência desse ideal que cidade possuía pode ser facilmente ligada às deformações presentes na estética dos filmes “Giallo”. Mas só percebi que essa relação poderia acontecer há pouco tempo. Portanto acho que, como disse antes, esse tratamento e demais características da minha foto tem mais a ver com uma maneira pessoal de ver o mundo do que com uma linha de trabalho. Mas espero não ficar presa a ela por toda a vida!


     Marcos: Letícia,  muito obrigado pela entrevista! Mais adiante publicaremos a entrevista com Bárbara Moreira.