quinta-feira, 12 de abril de 2012

Meia dúzia de perguntas para Bruno Moraes



     Esta série de micro-entrevistas sobre fotografia foi inspirada pela “5 questions” do Flickr Blog. Nesta terceira parte, entrevistamos Bruno Moraes.

Embora sempre tenha sido apaixonado pelas artes, Bruno não se considera um fotógrafo nato, ou que tivesse desenvolvido desde cedo interesse pela fotografia. Isso começou a mudar há cerca de oito anos, na moda dos fotologs. Comprou uma câmara, começou a publicar regularmente suas fotos, e assim passou a gostar da área, e de como podia criar arte com uma câmara. "Graças ao incentivo de um amigo, Carlos Magrão, resolvi me dedicar por completo ao ramo. Como não havia possibilidade de fazer uma faculdade de fotografia fora da cidade, ingressei no CES-JF, pois a sua grade de fotografia foi a que mais me interessou dentre os cursos de jornalismo. Devo muito do que sei aos professores Jesualdo Castro e Gleice Lisboa." Começou a trabalhar como free-lancer do jornal Estado de Minas e ficou cerca de dois anos no fotojornalismo. Abriu seu primeiro estúdio no início de 2010. Recentemente, em parceria com Bernardo Traad, inaugurou o Blur Photostudio, com foco em casamentos e moda. Seu trabalho pode ser conferido no site do Blur.
     1. Bruno, você pode nos dar uma dica de fotografia?

     Quem quiser fotografar, precisa conhecer bem seu equipamento, tanto o que ele oferece, quanto suas limitações, para saber o que dá pra fazer. O manual da câmera é uma ótima ajuda. Apesar de parecer grande demais e chato, leia-o. Praticamente todas as informações que você precisa estão nele. A internet também possibilita saber o que falam outros fotógrafos que têm a mesma câmera. 

     As dicas de praxe são: estude muito e pratique em dobro. Faça cursos, procure workshops dentro ou fora da cidade. Na internet você acha muito material de outros fotógrafos que se disponibilizam a mostrar o seu trabalho, como fazem seus ensaios, que tipo de iluminação utilizam, posicionamento, equipamento, etc. Encontra-se muito desse material em sites estrangeiros, mais do que no Brasil. Portanto, se você não domina outras línguas, estude e pratique com outros fotógrafos. E independente da área que você for trabalhar, vai precisar de um bom portfólio, portanto é imprescindível se dedicar o máximo possível para a criação de um. E se ainda não tem uma área definida, faça fotos ligadas a todos os ramos: fotojornalismo, arte, natureza, retratos, moda, coberturas sociais, etc.
 
     E além disso, outra dica que acho extremamente importante para o ramo da fotografia: cultura. 
 
     Na minha opinião a cultura é algo fundamental na vida de qualquer pessoa, mas principalmente para os profissionais ligados ao ramo das artes, como os fotógrafos, que dependem muito de criatividade. E não há melhor forma de estimular isso do que através da arte em geral.

     2. Fale-nos de suas fotos favoritas no flickr e por que gosta delas. 

               Primeiro, fotos favoritas de sua Galeria? 

     Eu não uso flickr. Cheguei a criar um alguns anos atrás mas não atualizei mais do que 100 fotos. Do meu portfólio antigo, gosto muito da foto abaixo. É do tempo em que eu estava pensando em me tornar fotógrafo. Tinha comprado minha primeira câmera fotográfica, uma digital da Tron de 3.0 mp, e nem imaginava que fotografia era mais do que apertar um botão. Foi feita em modo automático, já que nem tinha começado meus estudos na área – e esse tipo de câmera não possibilita fotografar em modo manual.





     A foto seguinte é outra de que gosto muito. Foi feita logo no início do aprendizado com minha primeira câmera semi-profissional, uma Canon Dslr de filme. Foi também minha primeira publicação em mídia, na extinta revista Fotographos.





   


 


Da época em que trabalhei como frela do Estado de Minas, gosto muito dessa foto, que foi feita em uma pauta do jornal (mas não era o foco da matéria).


















     Atualmente o foco do meu trabalho é o ramo de casamentos, portanto três fotos que gostei do resultado.
   

















     Outra foto atual, mas voltada para a moda, uma área que me interessa demais, mas me falta tempo e planejamento para me dedicar mais.







     3. Que dica você daria para fotografar em Juiz de Fora? 

     A mesma dica que daria para qualquer fotógrafo de qualquer cidade. Estude muito e corra atrás, pois a quantidade de pessoas que atualmente se denominam como fotógrafos profissionais é gigante, e crescente. Mas uma coisa é fato: sempre vai existir espaço para pessoas com dedicação e talento. O reconhecimento pode demorar a vir, e você pode ter a sensação de que paga pra trabalhar nos primeiros anos (o que não deixa de ser verdade). Mas a fotografia é um trabalho extremamente recompensador, mesmo que essa recompensa não esteja relacionada a alto lucro financeiro.


     4. Que fotógrafo de Juiz de Fora você indica para fazermos a seguir as seis perguntas?


     Vou citar um fotojornalista amigo meu, Leonardo Costa, cujo trabalho admiro muito. Começamos praticamente juntos na profissão, no Estado de Minas, e ele seguiu caminho no fotojornalismo.








     5. Que pergunta sobre fotografia você gostaria de lhe fazer?


     Leonardo, na sua opinião, como a formação cultural de um fotojornalista influencia no seu trabalho?


     6. Bárbara Moreira gostaria de te perguntar: Bruno, sei que você tem um estúdio recém montado. Você acha que Juiz de Fora tem espaço para novos fotógrafos? Acha que o fácil acesso às câmeras digitais prejudica o trabalho dos profissionais da fotografia?



     Espaço para os profissionais de verdade existe, mas o mercado não deixa de estar saturado. E o estudo da fotografia é algo complexo. Vai muito além do simples olhar ou de apertar botões, pois envolve em grande parte o estudo da física, além de criatividade, arte, sociologia, entre outros. Como a necessidade da dedicação e do investimento é alta, acaba que muitos desses novos fotógrafos se assustam, não correm atrás por simples preguiça ou pior, não têm domínio nenhum sobre o equipamento mas são egocêntricos a ponto de achar que não precisam estudar. Existem equipamentos baratos que atendem perfeitamente a necessidade de quem esta começando, mas como esses falsos profissionais não evoluem na parte prática e teórica, acabam não entendendo nem mesmo a necessidade de adquirir equipamentos melhores e mais caros – e com isso não se importam em cobrar preços baixos. Daí a impressão de ser uma profissão barata.

     Isso pode contrapor o que citei na primeira pergunta, a respeito de que no início dos estudos e da carreira, é necessário correr atrás o máximo possível da criação de um bom portfólio. Naturalmente, quem está começando não consegue cobrar preços significativos – ou muitas vezes não cobram, se oferecem para amigos, fazem trabalhos na parceria – algo que também fiz no início de carreira. Mas quem está começando não rouba espaço dos profissionais atuantes do mercado. O problema é relaxar com isso, e depois de anos continuar sendo um fotógrafo sem estudo e que não valoriza seu trabalho.

     Outra questão é que, talvez pela mentalidade de uma parcela grande dos juizforanos (reflexo também de muitas outras cidades), muitos consumidores acabam valorizando mais o preço do que a qualidade do profissional, e somando isso ao baixo custo dos equipamentos semi-profissionais, esses novos fotógrafos acabam prostituindo o mercado e relacionando seu nome aos preços inferiores, algo que podem não perceber de imediato, mas que depois se torna extremamente complicado de desvincular.
 
     E além destes que cobram barato e não investem na fotografia, existem fotógrafos que dominam a área, investem muito em estúdio e tecnologia, são ótimos fotógrafos, mas por contarem com rendas familiares ou avulsas não se dão ao valor de cobrar preços condizentes com seu segmento e seus concorrentes, o que também contribui muito para a prostituição do mercado.

      Mas naturalmente isso depende do ramo a ser seguido – e vejo muito esses exemplos na fotografia de moda, casamentos e eventos sociais – até por parte de fotógrafos antigos da cidade que estão completamente parados no tempo. Em contrapartida o fotojornalismo é uma área que visa muito mais a qualidade do trabalho e técnica do profissional. Por isso, essa questão varia muito de acordo com o ramo a ser seguido.



     JF em Foco: Bruno,  muito obrigado pela entrevista! Mais adiante publicaremos a entrevista com Leonardo Costa.